A cultura do cancelamento e o narcisismo patológico

Ultimamente têm-se muito discutido a respeito da cultura do cancelamento que se instaurou em nossa sociedade dentro de um escopo midiático.
Um dos motivos pelos quais isso aconteceu, foram as discussões, embates e os debates sobre os conflitos de habitantes de uma casa dentro de um reality show chamado Big Brother Brasil no qual tem gerado um certo desconforto em nossa sociedade por se tratar de uma realidade nua e crua que demonstra o quão despreparados estamos para enfrentar e nos proteger do assédio moral e das manipulações narcísicas.
O reality show não é algo novo no mundo mesmo porque esse tipo de espetáculo no qual demonstra a total falta de empatia para o sofrimento alheio, já era comum na antiga Roma onde gladiadores profissionais e prisioneiros eram postos dentro de uma arena para matar ou morrer.
Os tempo mudaram mas parece que os motivos para o entretenimento não, pois ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos antepassados que buscavam um motivo para se alegrar com os espetáculos de crueldade em meio ao tédio da vida medíocre e repetitiva. Não é a toa que ao ver um acidente em uma rodovia, vamos parando o carro aos poucos para passar bem devagar e conseguir avistar a desgraça da pobre e coitada pessoa que sofreu o acidente. É claro que as regras do trânsito nos diz para reduzir a velocidade porém isso se refere à mesma pista.
Mas agora falando do cancelamento, temo que necessitaremos vasculhar o passado para entender porque cancelamos ou sentimos vontade de abominar tudo aquilo que não gostamos bem como tudo aquilo que vai contra as nossas crenças e gostos.
O fato é que ao nos darem espelhos, tendemos a ver um mundo doente pois Renato Russo usou uma metáfora muito bem colocada ao se referir a maldade trazida ao povo indígena pelo homem branco europeu onde se trocava o ouro da terra por espelhos pequenos e outras bugigangas desnecessárias.
De fato demorou muito tempo para os indígenas perceberem que o ouro de suas terras e outros recursos naturais estavam sendo roubados a troco de quinquilharias. Não parece um pouco o que estamos passando neste momento? Nosso precioso tempo onde poderíamos estar lendo, estudando, ajudando o próximo e fazendo algo de bom para nós mesmos, é gasto com absolutamente nada. Um mero espelho que reflete o quão doente a sociedade está, aplaudindo narcisistas e manipuladores que se digladiam e se humilham em rede nacional.
Um outro aspecto importante a ressaltar é que quando se trata de narcisismo puro e patológico não há como não cancelar pois a coexistência com este espectro gera todos os tipos de males no organismo e na psique humana a ponto de matar aos poucos indivíduos expostos à codependência psicológica e emocional destes vampiros modernos.
Sendo assim, podemos concluir que a cultura do cancelamento falhou, cancelando a si mesma quando aceitou o narcisismo como algo totalmente compreensível e aceitável no meio dos seres humanos, e também aos que criticam a cultura do cancelamento no qual acabaram entrando no mesmo barco ao ver a serpente picar o seu próprio calcanhar.
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