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As diferentes dinâmicas do abandono emocional

Foto do escritor: Getulio TamidGetulio Tamid
O Eu abandonado
O Eu abandonado

O abandono emocional é uma experiência profundamente traumática que pode moldar a forma como nos relacionamos ao longo da vida. Na codependência, esse trauma se manifesta de maneira peculiar, influenciando comportamentos e dinâmicas nos relacionamentos. Embora a repetição do cenário de abandono seja comum tanto em codependentes quanto em narcisistas, cada um reage de maneira diferente.


Como o codependente recria o abandono


O codependente não recria o abandono de forma consciente ou proposital, mas sua necessidade inconsciente de ser resgatado faz com que ele perpetue esse padrão. Pequenos gestos do dia a dia, como a forma de interagir em situações cotidianas, revelam essa dinâmica. Desde uma simples passagem pela cozinha até a ordem de entrada no carro, esses detalhes refletem padrões profundos de apego e busca por validação.

O narcisista, por outro lado, percebe essa vulnerabilidade e a utiliza para reforçar sua posição de controle na relação. Ele se alimenta dessa necessidade do codependente de ser salvo, criando um ciclo de manipulação e dependência emocional.


O papel da culpa na codependência


O codependente permanece preso a relacionamentos tóxicos porque sofreu abandono emocional ou negligência no passado. A empatia excessiva com o sofrimento do outro está, na verdade, enraizada em sua própria dor não resolvida. Ao ver o outro em sofrimento, ele projeta sua própria história de abandono e se sente culpado por "abandoná-lo".

Esse sentimento de culpa surge porque, mesmo tendo sobrevivido ao abandono, ele não processou adequadamente essa dor. Assim, o codependente assume uma responsabilidade que não lhe cabe, carregando culpas que deveriam pertencer a quem realmente o abandonou.


O resgate da criança interior


A verdadeira libertação do codependente ocorre quando ele consegue enxergar sua criança interior com compaixão e acolhimento. Muitas pessoas olham para suas fotos de infância com sentimentos negativos, ridicularizando ou sentindo raiva daquela criança. No entanto, a cura vem quando conseguimos ver essa criança com amor e protegê-la da mesma forma que faríamos com um filho ou um aluno.

Ao reconhecer que a culpa pelo abandono não é sua, o codependente começa a se fortalecer emocionalmente. Não se trata de culpar os pais ou quem quer que tenha causado o trauma, mas sim de colocar cada um no seu devido lugar e retirar de si a responsabilidade pelo que aconteceu.


O narcisista e a manipulação pela culpa


Quando o codependente começa a estabelecer limites e cuidar de si, o narcisista frequentemente reage com acusações. Ele faz com que o codependente se sinta egoísta e insensível, apenas por começar a olhar para suas próprias necessidades.

Um exemplo simples: uma pessoa que sempre prepara comida para os outros, mas em um dia de pressa decide cozinhar apenas para si, pode ser acusada de estar "se tornando egoísta". Essa manipulação sutil mantém o codependente preso ao ciclo de auto-sacrifício, perpetuando o comportamento de colocar as necessidades dos outros acima das suas.


Caminho para a autonomia emocional


A recuperação da codependência exige um processo de conscientização e transformação interna. Pequenos gestos, como se permitir experiências antes negadas (como comprar algo desejado ou fazer algo apenas por si), são passos fundamentais para construir uma nova relação consigo mesmo.

O importante é entender que cuidar de si não significa tirar algo do outro. Estabelecer limites saudáveis não é um ato de egoísmo, mas de autopreservação. Libertar-se do ciclo da culpa e do abandono permite ao codependente viver relacionamentos mais saudáveis, baseados no respeito e na reciprocidade.



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