Narcisismo e o benefício da dúvida - conclusão
- Lhenira Vilella
- 2 de abr. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 7 de abr. de 2022
O benefício da dúvida é um conceito da jurisprudência que aborda a presunção da inocência. Um direito que todos têm como cidadãos: "todos são inocentes até que se prove o contrário". E isso é levado para os relacionamentos. Ao desconfiar do amigo, companheiro ou cônjuge, enquanto não há provas, não se pode concluir sobre o suspeito.
A pessoa que tem empatia sempre dará o benefício da dúvida, enquanto que o narcisista nunca cogita essa possibilidade. Ele acusa e castiga. A diferença crucial entre o narcisista e o não narcisista é dar o benefício da dúvida.
Outra característica bastante diferente entre o codependente e a pessoa que tem o transtorno de personalidade narcisista é a ingenuidade. Embora, às vezes seja confundido com a inocência, a ingenuidade é quando alguém ignora os perigos justamente por não conhecê-los. Os ingênuos acreditam piamente nos outros a ponto de causar até mesmo prejuízo pessoal. Os narcisistas patológicos não são ingênuos.
É sabido que o hipocampo de vítimas de narcisistas fica prejudicado. Elas se tornam muito ingênuas pelo fato de que sempre desconfiam de si mesmas e de seus sentidos, ao passo que passam a confiar no outro. Isso ocorre porque foram sabotadas pelos narcisistas que sempre confundem suas vítimas para que possam manipular como convém a eles e, impedindo assim, que possam confiar em suas próprias percepções.
Ao se deparar com fatos de abuso emocional ou físico, analise bem e coloque juízo sobre isso. Avalie as perdas que a ingenuidade causou e aprenda a dizer "não". Nunca tome uma palavra do narcisista como verdade absoluta. Eles mentem muito. É preciso sair.
Ao sair de um relacionamento abusivo, a pessoa volta a confiar naquilo que vê, começa a ficar mais perceptivo da maldade dos outros e da capacidade que alguns têm de induzir o outro a determinado pensamento e comportamento para benefício próprio.
Deve-se começar a fazer o que fala e falar o que faz sem aumentar nem diminuir nada.
A pessoa que se liberta começa a agir com mais espontaneidade e naturalidade. O benefício da dúvida continuará a ser dado, mas não mais ao narcisista.
Lembramos que o Transtorno de personalidade narcisista não é uma doença. É uma forma perversa de ser onde as ações do narcisista seguem a lógica antes da moral, deixando claro que eles não se importam com o sofrimento alheio. Tudo que desejam é manter uma boa imagem aos outros, buscando poder, diversão e prazer a qualquer custo.
Busque sempre o melhor das pessoas, mas saiba que não podemos contar com isso cem por cento. Seja atento para os sinais. Não entregue a sua vida para quem diz que te ama mas não age como tal, e, pelo contrário, trata mal, castiga, age com vingança e o deixa constrangido. Ao se deparar com pessoas abusivas, você pode concluir que não sentem amor. Na dúvida, consulte qualquer literatura sobre amor e constate que quem ama não age dessa maneira. Sabendo disso, calcule um tempo necessário para se desapegar dessa pessoa, elabore um plano de fuga, busque conhecimento e controle das emoções. Opte por você, sua saúde e libertação.
Lembre-se:
Dar o benefício da dúvida te diferencia. Continue dando, menos para o narcisista e aos apoiadores dele.
Observe e não absorva;
Responda e não reaja.
Preste atenção nas palavras e entonação das pessoas que falam com você. É possível identificar agressividade ou real objetivo cruel velado (algo que está sob a luz de velas, obscuro mas existente). Quando um narcisista fala, nas entrelinhas há muito a ser decifrado. As emoções contidas são curadas somente após serem expressadas. Da mesma forma que as tristezas vão se manifestar, uma alegria infantil espontânea também será experimentada ao se libertar sem culpa de um relacionamento com narcisista. Acredite, há uma saída.
Texto baseado nos vídeos de 19/09/2021 e 26/09/2021 do canal Psicanalise & Eu no Youtube.
Por ter acesso aos vídeos que comecei a entender que eu estava sendo enterrada viva. Eu não me importei quando ele foi diagnosticado pela psiquiatra criminologica como tendo distúrbio de personalidade "Troglodita". Não havia entendido é ele explicou que a médica esclareceu que ele seria capaz de matar uma pessoa se pegasse um copo d'água dele. Percebi um certo orgulho dele me contando esse resultado mas eu não fazia a menor idéia do que minha vida seria jogada no centro de um tornado. Estou aguardando o divórcio. Fico tensa imaginando que ele ainda pode me atingir.
O beneficio da dúvida é agridoce. No meu caso é uma tortura, porque apesar das evidências todas apontarem para uma direcção, eu arranjo sempre forma de dizer "e se não for?... E se eu estiver enganada?" Essa dúvida fica como um eco na minha cabeça. Preciso de perder a ingenuidade, de uma vez por todas. Tenho 54 anos, está mais do que na altura de ganhar juízo. Bem hajam pela luz que trazem às nossas vidas com os vídeos, e os textos.