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Recuperação no Contato Zero



Primeiramente gostaria de afirmar que temos visto muitas histórias de pessoas que apesar de terem vivido muitos anos em relacionamentos abusivos, com portadores de Transtorno de Personalidade Narcisista, conseguiram e conseguem sair e mudar suas vidas dando um novo rumo, totalmente inimaginável por elas mesmas.



O que é Contato Zero?


É o afastamento total e absoluto de qualquer estímulo que possa reconectar uma pessoa que conviveu em algum tipo de relacionamento com um portador do Transtorno de Personalidade Narcisista.


Esse relacionamento pode ter se dado em qualquer lugar, seja numa determinada seita, ou com uma pessoa ou ainda numa instituição, onde foi identificado um relacionamento abusivo por meio de manipulação e meias verdades como dinâmicas de invalidação, gerando uma codependência da qual é necessário se conscientizar e sair para se proteger.


Assim como em situações de vícios de drogas, a única forma de uma "cura" é mantendo-se distante do objeto gerador do vício. Não existe "meio contato zero" o que pode ser feito para o resguardo de uma pessoa numa situação onde não é possível uma afastamento total, é utilizar-se da ferramenta chamada "pedra-cinza", onde deve-se aparentar o menos atraente possível e não reagir às provocações da dinâmica e manipulação narcisista. Isso requer muito esforço, assim como todo distanciamento de qualquer vício.


Sim, o narcisista provoca um vício naquela pessoa com quem mantém um relacionamento. Ele cria a sensação de que o outro precisa dele para sobreviver e que sua vida não seria nada importante sem a presença do abusador.


O contato zero é a primeira opção a ser escolhida, porém, é a última a ser buscada pelas vítimas.



Falas comuns do narcisista:


Você nunca terá outra pessoa! ou Ninguém nunca vai querer ficar com você!

Puxa, abri mão de tudo para ficar com você, sua(seu) ingrata(o)!


Você viu o que você me fez fazer?


Você não faz nada direito!


São mentiras que você acaba acreditando depois de tantas repetições.

Como uma assinante do canal comentou, uma certa ocasião:


"Quando interessa ao abusador, você sabe tudo, e quando não é interessante para ele, você não sabe nada."



Em busca de "ser amado e aceito"


Muitas pessoas se perdem nessa busca em "ser amado e aceito".


Essa busca em preencher um vazio dentro de si, associado com toda a sedução provocada no início dos relacionamentos (love bombing - bombardeio de amor) , faz com que as vítimas não enxerguem o que está por trás, que é da ordem de um "abuso".


O primeiro momento do relacionamento é repleto de love bombing (elogios, presentes, sexo incrível, gostos parecidos e recebimento de atenção mais que perfeita). Você encontra exatamente o que procura. Porém, conforme o tempo vai passando e por mais que você já tenha identificado um tremendo engano, uma espécie de revelação da verdadeira versão do ser com o qual está envolvida (o), há uma esperança de retorno ao início, retorno ao tempo em que se conheceram e foi muito bom. Se não fosse tão bom assim, você não teria sido cativada(o). A vítima fica em dissonância cognitiva, o cérebro busca a versão da pessoa da época do love bombing. Pode-se dizer que é a "sua família que deu certo", no fundo é o que essa pessoa representa para você. Algo além do que você não teve na infância.



Fantasia versus realidade


Você imagina que encontrou o(a) parceiro(a) ideal. Aquela pessoa que vai dividir as responsabilidades e cuidados com você na família sonhada. Porém, o narcisista aprendeu a se desenvolver em cima do outro, explorando a ingenuidade, aproveitando todos os benefícios e não contribuindo com nada, embora muitas vezes o discurso afirma exatamente o contrário da realidade. A estrutura dele é baseada no que se pode tirar do outro e não acrescentar.


Diante dos vestígios, frases, registros como prova de conversas no celular, ações de invalidação e violência emocional, desprezo e mentiras, aquela pessoa que era tão sedutora passa a não ser mais. A verdade é maior e pode ser descortinada.


Aquilo que era "pintura sobre pintura passa a ser escultura" (pego emprestado essa ideia de Freud mesmo em outro contexto). Quero dizer que ao invés de colocar uma roupagem sobre o que não se quer ver por ser muito difícil, inicia-se a fase de esculpir, retirar camadas. Ao invés de criar desculpas, começa-se a perguntar e ir em busca de respostas. É aí que nos implicamos nas responsabilidades de escolhas que tomamos na vida e, embora nunca teremos todas as respostas, algumas bem possíveis nos darão condições de construir algo com uma base verdadeira e não um "puxadinho" da casa do outro.


Tenha esperança, tenha fé e entenda que o seu sofrimento poderá trazer liberdade e verdades sobre você.


Procure ajuda de profissionais que conheçam o assunto.

Também recebemos relatos de pessoas que buscam ajuda e acabam se culpando mais ainda e suportando mais abusos porque não foram acreditadas em seus relatos e experiências, sendo submetidas a tratamentos inadequados.


É necessário ter uma consciência corporal acima da média para manter o equilíbrio nesses momentos tão tensos.

A TDC - Técnica de Descompressão Corporal, ministrada pelo professor Josimar tem como prioridade o aprendizado sobre não reagir e manter o sistema nervoso tranquilo enquanto você está na relação ou na ansiedade depois da abstinência ou ainda após o descarte, que é fundamental na recuperação.


"Ter coragem não consiste em não ter medo, coragem é fazer mesmo com medo,"



texto baseado na sequência de vídeos "Recuperação no Contato Zero" do canal do YouTube - Psicanálise & Eu, em 27/11/2022.






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