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O luto e a melancolia na vida das vítimas de narcisistas



Infelizmente, a imagem que pintamos na mente é pré-fabricada ora pelo cinema, ora pela televisão que mostra a morte como algo super romantizado pela literatura ou dramaturgia. Todo esse drama ornamentado é talvez, a tentativa inconsciente de amenizar a verdadeira dor da separação de um ente querido, quando na verdade, a realidade é muito mais dura, nua e cruel do que a arte demonstra.


Para Freud, o pai da psicanálise, o luto é a maneira pelo qual o ''eu'' é testado diante da perda do objeto, isto é, o outro, que nem sempre são pessoas. Pode ser um emprego, uma posição em uma instituição ou uma mudança de cidade por força maior, ou seja, algo que lhe era por objeto de prazer.


Isso acontece porque nos projetamos naquilo que nunca seremos capazes de atingir como objetivo ou como ideal mesmo porque há uma super valorização do objeto pelo "ego' no qual nos desvia de olhar para nós mesmos. A ruptura dessa relação com o objeto volta para nós mesmos como uma imagem vazia e esteticamente falando, feia aos nossos próprios olhos. Sendo assim, há uma relação narcísica entre nós e o objeto, isto é, eu somente consigo me enxergar e ter a visão de mundo a partir do outro.


A famosa e infame palavra chamada "libido", quase sempre erroneamente relacionada à sexo, é a força motriz que nos impulsiona para a satisfação do prazer egocêntrico. A libido é a mola propulsora para todo e qualquer investimento que fazemos na vida seja por motivos profissionais, acadêmicos ou sentimentais. É por conta da libido que praticamente nos movemos e existimos.


Ao perder o objeto de prazer, a autoestima é abalada pela ausência da força libidinal, isto é, pela força motivacional de vida. É por esta razão, que o sentido da vida se perde e tudo fica sem cor, apático e sombrio. Assim que o ''eu'' é convencido da real perda, este, passa a buscar o sentido da vida através de um outro objeto que pode ser substituído por uma outra pessoa, relacionamentos, amizades e outros representantes.


Temos atendido pessoas, principalmente, mulheres de muitas partes do Brasil e do exterior que chegam até nós com um sentimento de luto que aparentemente é irreparável. Essas pessoas recorrem a nós especialmente depois de terem sido descartadas por seus parceiros ou parceiras de uma maneira fria e cruel. Esse descarte gera uma ruptura dolorosa no qual machuca e tortura psicologicamente sua vítima.


A dor causada por esse tipo de luto acontece devido à ruptura do próprio ''eu'' na perda do objeto idealizado pelo outro porém a vítima, se é que assim podemos chamá-la, tem a falsa impressão de que a mesma situação acontece do outro lado, causando uma esperança fictícia de reencontro, pois é exatamente isso que o narcisista quer. Eles não sentem essa perda porque agora, eles estão em busca de uma outra fonte de suprimento do total vazio do ego.


É por essa razão que esse luto que nunca se elabora, acaba tornando-se algo crônico e que leva muito tempo para se curar, levando as pessoas a entrarem em estados de depressão e ansiedade. Sendo assim, é muito importante que esse luto seja tratado em terapia para que o analisando entenda que o relacionamento acabou de vez e tudo o que esta pessoa pensava que era amor de verdade, não passava de um mero utilitarismo que não tem mais serventia para a outra pessoa.


A verdade nua e crua é que dói saber que a pessoa no qual te bombardeou de amor no começo do relacionamento, nunca te amou de fato mas ao aprender isso, o processo da libertação do apego ao objeto começa a acontecer e logo estaremos prontos para continuar a vida.







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